Novo – Witzel flexibiliza circulação em cidades onde não há casos confirmados de Covid-19 no RJ; escolas permanecem fechadas

Circulação será para municípios do Norte, Noroeste, Sul e Serra do estado, sem permissão para ir até cidades vizinhas e sem aglomerações. Escolas permanecem fechadas. Witzel também vai permitir delivery para o comércio após acordo com Fecomércio e Firjan.

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, anunciou nesta terça-feira (7) que, nos municípios do estado onde não houver casos confirmados da Covid-19, as medidas restritivas podem ser flexibilizadas. Segundo o governador, só estarão liberados as cidades que comprovarem ter uma eficiente barreira sanitária. As escolas permanecem fechadas em todo o estado do Rio.

O governador disse que a circulação será permitida nesses municípios do RJ, mas sem aglomerações. Além disso, os moradores dessas cidades também não poderão sair para visitas a municípios vizinhos.

Veja abaixo os 30 municípios que terão a movimentação flexibilizada.

No entanto, o governador não explicou como será o controle para evitar o aumento de circulação nessas regiões. Ele disse que está em contato frequente com os prefeitos e prefeitas do interior.

O que diz o decreto

O texto com as mudanças sobre o enfrentamento ao coronavírus no RJ foi publicado em decreto na tarde desta desta terça pelo governo do estado. A liberação atinge, de forma irrestrita, os estabelecimentos comerciais.

O decreto diz que no caso do município descumprir as normas que regem o enfrentamento da pandemia do coronavírus e, na ocorrência, de alguma notificação de casos confirmados, o município será excluído da relação.

Comércio por delivery

Witzel, que participou de uma entrevista coletiva no Palácio Guanabara, também autorizou a abertura de todo o comércio – e não só bares e restaurantes – para entregas em domicílio (delivery) em todo o estado.

“Vamos autorizar também em todo estado um delivery para o comércio. Foi um acordo que fiz com a Firjan, com a Fecomércio. Não haverá aumento presencial nas lojas. Não haverá pessoas no drive-thru, haverá apenas a entrega em casa”.

Municípios citados pelo governo:

  • São Francisco de Itabapoana
  • São Fidélis
  • Quissamã
  • Carapebus
  • Conceição de Macabu
  • Varre-Sai
  • Natividade
  • Bom Jesus de Itabapoana
  • Italva
  • Cardoso Moreira
  • São José de Ubá
  • Cambuci
  • Laje de Muriaé
  • Carmo
  • Miracema
  • Santo Antonio de Pádua
  • Aperibé
  • Itaocara
  • Paty do Alferes
  • Cantagalo
  • Comendador Levy Gasparian
  • São Sebastião do Alto
  • Santa Maria Madalena
  • Macuco
  • Cordeiro
  • Duas Barras
  • Engenheiro Paulo de Frontin
  • Sumidouro
  • São José do Vale do Rio Preto
  • Vassouras

Repercussão: o que dizem especialistas

Especialistas ouvidos pelo RJ2 divergem sobre flexibilização de medidas restritivas em municípios do RJ. Epidemiologistas chamaram a atenção para fatores como falta de testes em municípios.

Um dos especialistas ouvidos argumenta que não é possível ter certeza de que os municípios do norte e noroeste do estado estão mesmo livres da Covid-19.

“Nós não temos informações suficientes pra uma tomada de medidas dessa natureza porque não temos testes suficientes. Se a gente tivesse quantidade de testes nesses municípios que nos garantissem a segurança disso, de saber como está circulando o vírus nesses municípios do Norte e Noroeste do estado, e com base nisso pudéssemos falar que não tem circulação, a gente pode ter as devidas barreiras sanitárias levantadas, o que é muito difícil”, diz Alfredo Scaff, epidemiologista da Fundação do Câncer do Rio.

Quarentena até fim de abril

Veja a fala de Witzel

Com a quantidade de casos no Estado, Witzel diz que já há a previsão para estender a quarentena na maior parte do Estado até o final do mês de abril, afirmou o governador.

“Como o noroeste do Estado apresenta a ausência do vírus, nós podemos permitir a maior preocupação de pessoas. Nossa maior preocupação é com a saúde, mas também precisamos nos preocupar com a economia”, explicou.

O governador voltou a fazer um apelo para que as pessoas fiquem em casa. Caso contrário, pode tomar medidas mais duras em relação ao isolamento social.

“Nós ainda estamos no início dessa pandemia, e as pessoas precisam entender que nós devemos ficar em casa. A movimentação nas ruas tem sido grande, a movimentação nas praias tem levado a aglomeração de pessoas. Estamos com um aumento da internação, e os dados são preocupantes. Isso é preocupante. Ainda não podemos aumentar a circulação de pessoas. Se isso acontecer, teremos dificuldade de atender as pessoas, seja no público, seja no privado”.

Cestas básicas

O governo estadual também anunciou que irá entregar 1 milhão de cestas básicas para 2,5 milhões de pessoas na capital, Baixada Fluminense e São Gonçalo, na Região Metropolitana. As entregas ocorrerão a partir de quarta-feira (8).

“Foi criado um grande mutirão que vai atender, nessa primeira fase, 940 mil famílias, totalizando 2,5 milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza, pobreza ou baixa renda”, disse o vice-governador, Cláudio Castro.

Internações

O secretário de Saúde afirmou que começa a aumentar as internações em hospitais públicos.

“Há uma tendência de crescimento da nossa curva. No último final de semana, a gente mostrou que está aumentando a pressão das internações nos hospitais públicos. Saúde agora é ficar em casa. O número de casos novos nos assustou. As pessoas estão se arriscando e arriscando os outros, o que é pior”, disse Edmar Santos.

Respiradores

O Estado espera adquirir 1595 respiradores no total. Segundo o governador, há dificuldades, e se mais casos ocorrerem, não haverá estrutura para atender todos os doentes do Estado. A estimativa é de que 10% dos casos precisem do equipamento.

“Se tivéssemos 16 mil pessoas contaminadas, teríamos que usar a capacidade máxima desses respiradores. Nós temos que ter controle da circulação de pessoas, porque se não nós não vamos conseguir dar conta e não conseguiremos salvar pessoas”, disse Witzel.

Testes

Witzel alertou que o governo terá dificuldades de fazer testes para todos caso as notificações de contaminados pela Covid-19 aumentem.

“Se essa movimentação continuar, talvez tenhamos que tomar medidas mais restritivas, que foram adotadas em outras partes do mundo. Não é o momento de ir para a rua, de passear nos calçadões. Ainda não temos condições de fazer testes na maior parte da população. Do 1 milhão de testes que encomendamos, recebemos apenas 50 mil testes.”

O que dizem as entidades

Em nota, a Fecomércio diz que pedido para comércio fazer delivery é para dar início ao retorno do ciclo econômico do estado.

“O Rio de Janeiro foi o primeiro estado a decretar a quarentena e, mais uma vez, sai na frente com esta ação que visa recomeçar o ciclo econômico a partir do fortalecimento das compras mediante entrega.

Nesse contexto, é importante a iniciativa do Governador que demonstra cautela com essa flexibilização, reconsiderando as medidas restritivas em cidades onde não há casos confirmados de Covid-19, e deixando a cargo dos Prefeitos a definição das normas mais adequadas para o enfrentamento da pandemia do coronavírus em seus municípios, com as devidas orientações aos estabelecimentos comerciais e a população como um todo.”

Fonte: G1 Noroeste Fluminense

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